Por que não voto mais em qualquer partido de esquerda?
Todo ano eleitoral é a mesma coisa: a obrigatoriedade da participação política dos cidadãos brasileiros faz com que os cristãos precisem refletir sobre quais candidatos a cargos eletivos podem ser os legítimos representantes de suas demandas e seus princípios no cenário político nacional. E em todo ano eleitoral colocam-se sempre as mesmas dicotomias: direita x esquerda; comunista/socialista x liberal. E recorrentemente, no período pré-eleitoral, um argumento retorna para fazer pender o prato da balança para a esquerda, ou para os sociais-democratas: é a questão dos princípios éticos, da reserva moral ou das questões sociais. Diz-se que os partidos de esquerda e mais preocupados com as questões sociais são melhores que os seus opositores porque possuem princípios éticos, querendo dizer com isso que respeitam o erário público e que não roubariam a nação, como seus opositores, pois não se limitam a serem contra o aborto, mas estão preocupados com questões mais importantes, como a sustentabilidade da nação, os direitos do trabalhador, a dignidade da mulher, temas relacionados à dignidade humana…
Ora, toda vez que ouço esse argumento me pergunto: Reserva moral? Princípios éticos? Questões mais importantes? Dignidade humana? Eles defendem o aborto, meu caro! Eles querem tornar a morte do inocente algo normal e até subsidiado pelo governo. Como podem trabalhar para o assassinato de alguém e serem simultaneamente reserva moral de qualquer coisa? Como podem dizer que têm princípios éticos se a vida do inocente é a primeira vítima de tais políticos? Digo e repito: quem consegue criar para si e para os outros um argumento que justifique a morte do inocente no seio materno, consegue criar para si e para outros argumentos para justificar quaisquer absurdos. Não é isso que testemunhamos recentemente no Brasil? Esses mesmos políticos, defensores do aborto e contraditoriamente tidos por reserva moral da política nacional, roubaram o erário público, do mesmo modo como seus opositores faziam, e ainda tentaram justificar: “governador eleito não pode ser preso por roubar”; “tirei trilhões da pobreza, logo não mereço cadeia”; “todo mundo fazia isso” e argumentos desse tipo. A questão é de princípio: quem não cuida do muito, não cuidará do pouco. Matar é menos pior que roubar. Logo, aquele que encontra razões para matar, por que não encontraria para roubar? E, de fato, isso ocorreu na história recentíssima do país.
Entretanto, alguém pode dizer: há outras questões importantes a se tratar no Brasil. O político brasileiro não pode limitar sua agenda e ação políticas a defender o país do aborto. Mais ou menos: se você está em guerra e sob ataque, o primeiro a fazer é defender os muros do quartel. Depois, pensamos em contra-atacar o oponente. Meu irmão, estamos em guerra. Diga-me: que vantagem teria o Brasil e o povo brasileiro se, elegendo um social-democrata abortista, os direitos do trabalhador fossem garantidos e ampliados, o PIB do país triplicasse, a paz reinasse em nossas ruas, tudo isso em troca da morte dos bebês realizada por esse mesmo governo? Só uma visão materialista da vida poderia escolher tais bens a custa da vida do inocente. Vou dizer-lhe mais, eu teria vergonha, muita vergonha, se o aborto fosse permitido e incentivado irrestritamente no país em troca de uns tostões no meu salário ou por um bairro mais seguro. Eu me sentiria prostituído. Esses benefícios viriam marcados com sangue inocente, receberiam o selo da morte… Exatamente como aquelas 30 moedas que um certo personagem, também político e preocupadíssimo como o bem comum, recebeu depois de beijar seu amigo… A vida humana não pode ser comparada a outras “questões mais importantes”. Que questão é mais importante que o direito à vida? Eu lhes digo: nenhuma! Por isso, o político cristão que quer orgulhar-se do título, precisa mesmo tratar o aborto provocado como um mal absoluto e lutar, com todas as suas forças, para erradicá-lo do país.
Isso não significa que essa agenda é suficiente para tornar o Brasil um lugar realmente bom de se viver. Mas esse ponto é fundamental. Eu até diria: esse ponto é critério de exclusão de voto. Candidato que não tem isso claro e não afirma seu compromisso contra o aborto com clareza, pra mim, não serve para representar os cristãos em qualquer nível político porque, ao fim e ao cabo, não é alguém que tenha princípios irrenunciáveis e, sendo assim, é capaz de realizar qualquer barbaridade por 30 moedas e às escondidas. Assim, criticar o general porque ele gasta muito tempo defendendo os muros do quartel que está sob ataque é uma injustiça. Criticar os políticos cristãos porque são monotemáticos é injusto. Estamos numa guerra… Secundar a questão da vida a outros problemas teoricamente mais importantes é míope. Não há nada mais importante que a vida humana e esses políticos, mesmo que mal preparados e limitados, fazem muito mais que eu, expondo-se a si mesmos e a suas famílias na vida pública, em nome do inocente indefeso.
Por esses motivos, não há possibilidade de imaginar votar em qualquer candidato a cargo eletivo, que defenda a descriminalização do aborto. E historicamente no Brasil, os partidos de esquerda são sempre os que demandam mudança na legislação do aborto, além de artimanhas jurídicas para forçar a legalização do assassinato do inocente. Ora, quem é capaz de justificar a morte do inocente é capaz de fazer qualquer coisa. Portanto, não confio e não voto em nenhum candidato que não seja explicitamente contra o aborto.