Por que estudar as virtudes?
Conta-se que um pai atarefado, procurando um desafogo para a esposa, já muito ocupada em casa – e ele mesmo empenhado em resolver um problema domiciliar complicado – resolveu dar um desafio ao mais novo, um espoleta. Leu, não lembrava onde, que crianças pequenas gostam de ser desafiadas, elas gostam de ver testadas as suas capacidades. Então, o pai pensando ter ganho uns trinta minutos de paz, pega uma revista semanal, encontra um desenho do Mapa Mundi, rasga a página em pequenos pedaços e desafia: “quando o quebra-cabeça com o desenho do mundo estiver pronto vamos tomar sorvete”.
Qual não foi a surpresa do pai quando, dois minutos depois, ouviu uma vozinha cobrando a dívida corredor a dentro: “vamos tomar ‘souvete’, vamos tomar ‘souvete’”! Pego de surpresa, o pai frustrado foi tentar entender o evento. Enquanto caminhava em direção ao seu filho, o pai pensava ter finalmente nascido um superdotado na família. Naquele pequeno percurso de 8 metros, o pai deslumbrado começou a imaginar como poderia fazer crescer aquele dom no seu pequeno rebento; enquanto caminhava, o pai se convenceu de que o gênio mirim tinha herdado a boa genética dele, que já havia manifestado (com certeza) traços de genialidade durante a adolescência, que via agora resplandecer no seu mais novo, maldosamente chamado de Remela pela criançada invejosa da rua.
Um pouco confuso e olhando espantado para o menino, o pai pergunta-lhe: “meu filho, como conseguiu resolver o quebra-cabeça tão rápido? Isso costuma demorar…”. Foi quando o pequeno Remela explicou para o pai: “Fácil. Atrás do desenho da Terra tinha um ômi de bicicreta. Juntei o desenho do ômi e pronto! Vâmu tomá souvete?”. Os olhos do pai, ainda marejados pela dor do sonho desfeito pela pequena anta, pega o moleque pelo braço e vai cumprir a promessa feita… “Souvete” para o gênio de 10 anos…
Remela e o pai podem não ter percebido, mas esse conto, que bem podia ser verídico, traz luz sobre os verdadeiros desafios do tempo presente. Ao dividir o Mapa Mundi em pedaços, o pai de Remela faz uma figura do destroçamento real pelo qual passa o mundo. E a raiz dessa divisão, a fonte de sua falta de unidade, é que o homem mesmo está igualmente dividido, igualmente destroçado. A reconstrução do mundo passa pela reconstrução do homem: eis o segredo da renovação de nosso tempo!
2 Comments
Perfeito !!!
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