O Homem é naturalmente ético
Chegamos ao absurdo de ter de provar que o homem é um ser ético. Que tudo o que ele faz precisa está marcado pela sua humanidade, precisa seguir um padrão ético mínimo, de bondade ou de malícia. Parece que afirmar que algo é bom ou mau é moralismo, quando simplesmente é apenas o modo humano de agir. Isso é o próprio do humano. Humano come de um modo próprio. Humano defeca de um modo próprio. Ele não defeca de qualquer jeito nem come de qualquer jeito . Há um tipo de dever ser na alimentação porque é próprio do homem ser ético. Não fosse assim, se a ética não fosse própria no homem, deveríamos aceitar, por exemplo, ações que nós chamamos de desumanas.
As maiores ações que nós podemos imaginar, por exemplo, a fome que grassa o mundo, se não houvesse uma norma ética que guardasse as ações, ninguém poderia brigar porque qual o problema da fome na Etiópia ou no nordeste brasileiro? Nós brigamos e nos unimos contra a fome porque nós pensamos: “Onde há homem deve haver alimento, deve ter condições mínimas de vida”. E a fome é indigna.
Ora, você só fala que a fome é indigna por causa de um padrão único. Então, a moralidade ela é necessária. Ah, mas qual é o padrão de moralidade? Essa é outra questão, outra questão. Que nem é tão difícil de resolver, mas que está suposta… ou é decorrente da primeira. Há um critério, há uma norma única e moral para todos os homens. Por isso eu posso dizer: “a escravidão, em qualquer situação, ela é má, ela é injusta, ela é indigna”. Se você está do lado do relativismo moral, eu não entendo como é que você brada contra a violência à mulher. Por que se não tem nada de imoral porque que eu tenho de respeitar a mulher, o negro, a criança, o pobre, o rico? Não tem porquê? Eu só reclamo porque eu acredito que o meu o princípio moral (a defesa do inocente, a defesa daquele que não pode se defender) ele vale pra todo mundo. Pra mim, pra você, pro negro, pro alemão, pro escravo, pro livre.
O princípio moral, ele é necessário. Solapar a necessidade de um princípio ético que justifique as ações humanas é jogar o homem na barbárie, é jogar o homem numa vida sem regras. E aí, na vida sem regras, vale quem tem mais força. Não é isso que nós esperamos, não é com que sonhamos. Sonhamos com um país honesto, um país onde todos (sem exceção, inclusive os fracos) sejam defendidos, sejam protegidos. A barbárie só favorece os mais poderosos, não esqueçamos! Então, primeiro ponto desse nosso novo ciclo de reflexões: a ética, ela é própria do homem; o homem, por natureza, ele é ético.