Mais uma promessa…
Após a promessa de que com a aprovação da Lei de Biossegurança as doenças genéticas seriam exterminadas e todo tipo de paralisia curado (ainda lembro dos coitados em cadeiras de rodas em Brasília, mera massa de manobra, aguardando o milagre das células-tronco embrionárias), eis que uma nova promessa surge: a vida criada em laboratório! Segundo os respeitáveis tablóides nacionais e internacionais, a partir do último dia 21, o homem pode criar vida, embora ainda não possa estender a própria (sic!). A manchete das revistas do fim de semana induz o leitor a pensar: se o homem cria vida, Deus ainda é necessário para explicar a origem do homem? “Au contraire”…
Apesar do alardeado pelas revistas e jornais nacionais, a experiência relatada pelo cientista Craig Vente não criou vida em laboratório. Mesmo uma revista científica comprometida com certas orientações, como é a Science, não pôde fazer de conta que isso aconteceu, como fizeram revistas menos idôneas no Brasil. Como se vê na própria revista, uma “nova” vida não foi criada a partir do nada. Cientistas transplantaram um genoma (material que compõe o DNA) artificial de uma bactéria sobre uma outra viva já existente, sem seu genoma. Outras estruturas anteriores a essa parte da célula foram mantidas. É como se um software novo fosse instalado sobre um hardware ativo. O genoma determina hereditariedade, indica características dos indíviduos, nunca o tipo de ente que estes serão, se animados ou inanimados.
A premissa que move esses tipos de promessa é de que a vida é fruto de contingências materiais. Decifrando as normas físicas que regem o mundo material, pensam esses cientistas e editores de plantão, a vida será replicada, não sendo necessário apelar para entes transcendentes que expliquem a vida e temas conexos. A vida, porém, não é um mero aglomerado de células ou componentes químicos. Ela não se reduz ao que é material.
Os avanços e descobertas científicas podem ser úteis ao homem. No entanto, elas nunca poderão ultrapassar os limites da ciência e de seus arrazoados. Tentar indicar que a criação de vida em laboratório (caso isso algum dia aconteça) seria uma “prova” da inexistência de Deus seria um erro crasso. O que ficaria provado é que, utilizando a inteligência, pode-se produzir vida a partir de algo já existente. Utilizar essa experiência para prescindir de um princípio transcendente à matéria para explicar a vida seria absurdo, além de ir contra a própria experiência.